CEMITÉRIO DAS PAIXÕES INFINITAS

Por onde andará aquele velho amor perdido, adormecido, sufocado,

além de estar esquecido nos vales atemporais do meu nevoado coração?

Outrora esse amor me fazia crer numa sublime felicidade,

que era muito mais sentida do que palpável,

muito mais renúncia do que entrega,

bem mais desencontros do que encontros...

Séculos se passavam sem ver-te,

mil anos se passavam sem tocar-te,

milênios e milênios de silêncio,

até que sua voz entoava quebrando o silêncio

fazendo reviver aquele amor escondido.

Ao longe sua voz suave,

carregada do mais puro sentimento,

que embriagava-me de um tesão incomensurável.

De repente, bem mais tarde do que nunca,

aquele velho amor reaparece,

mas para sua surpresa não era mais ele quem ela amava,

ele apenas foi a ponte para que ela descobrisse

quem verdadeiramente era o seu amor.

Então aquele velho amor sucumbiu-se em si mesmo,

morreu de amargura dentro do peito,

foi sepultado no cemitério das paixões infinitas,

e em sua lápide foi escrito à lápis:

"Quem disse que o amor [não] pode acabar?"

Marcelo de Lima Cruz
Enviado por Marcelo de Lima Cruz em 02/03/2020
Código do texto: T6878737
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