MORFEU

MORFEU

No meu mais profundo sono morfeu

Reflete setembro através da vidraça

Setembro ainda frio, vento frio tarde fria

Infiltra pela frincha da janela

Frestas de luz que brilham em meu sono profundo

Meu corpo dorme entre folhas

Mergulhado em minha cama desnuda

Meu corpo nu despido toca no ar frio tua pele quente nua

Os meus olhos cerrados dançam dentro da tua imagem

Teu corpo habilmente me invade

Penetra encantado

Como os quem vem quase ao anoitecer

Sinos mensageiros

Badalam em perfeita harmonia

Enxergam teus olhos de ver

Penso ter adormecido nos braços de morfeu

Não sei se sonhei

Mas ao descerrar meus olhos lentamente

Percebo que estou em minha cama feita de ébano

Rodeado em conchas

Coroada de flores

Em pétalas ao vento, sono profundo

Naquela outrora

Saudoso setembro...

Estou só e brinco com a solidão

Bato minhas asas e danço vestido em minha fantasia

Não sei se sonhei...

Só sei que transmutei

Sensação imaterial do momento

Bati minhas asas e te encontrei

E no teu corpo aterrissei

Fecho meus olhos e oro...

Nuvens de vento te trazem em meus pensamentos

Como se estivesse envolvido por um Deus

Orfeu e Morfeu

Me pego ao relento...

Ainda setembro...

Ainda no meu mais profundo sono...

Ainda a vidraça...

Ainda o frio...

Ainda a janela entreaberta...

Escancarada em tua espera: aberta!

Meu corpo com ventos gélidos

Acariciam o meu cobertor desnudo

Acordam meu Orfeu

Aguardam a tua brasa

A despeito dos meus calafrios

Nos braços de morfeu sinto arrepios

Em meus sonhos desaguam o teu corpo no meu

Acordo num rompante

Em todos os teus mares e teus rios

Desperto ao sentir todo teu calor dentro da minha nascente

E renasço entre tuas pernas e no amar da tua serpente

‘Quando se ama de verdade não se retém glicose, o sangue torna-se cérebro e a poesia leva além da morte, além da vida, além do arco íris, além da arte e além de todo o mistério da vida’