Ventos em Cartagena

Quem fez o vento

Que bateu naqueles cabelos

E a transformou na criatura mais bela da América?

Foi a asa de uma borboleta

Que bateu noutro canto do planeta

Ou apenas mística esotérica?

Vento que bagunça

Vento que transporta

Vem tomar as dúvidas

Vento sem resposta

A sublime lei da equivalência das janelas

Conduz a entropia e a sorte

Ganhei uma monção

Quando achei ter encontrado um norte

Pois, o belo criador da brisa encantada

É o mesmo do vento que te leva para longe em um gingo

Entre barracos e choupanas

Pela Praça de San Diego

E o Baluarte de Santo Domingo

Como uma cidade turística

Você visita meu coração às vezes

O acha lindo, deslumbrante

Mas não para morar

Escrevo-te escutando um Vallenato

Que me diz

Os ventos que vêm e vão

In vain

Em vão

Ajudam a quarar

Carta, gema, clara e arepa

Cartagena, escura letra

Se eu soltar esta carta

Com todos os meus versos avoados

A direção da corrente se encarrega de me levar a você

O vento que abrevia minha existência

Troca o bendito pelo bem dito

A carta vai ao vento

Que te sirva como um beijo por escrito