Papel de bala

Coberta pelo negro da noite quente e cúmplice

Com a aprovação do sorriso incentivador da lua

A menina, escondendo os olhos nas sandálias,

Recebe, tímida, com mãos trêmulas e suadas,

O papel de bala com o insinuante nó

A respiração acelera e as faces se enrubescem

Sorri para o chão, com desejo e sem coragem

Prende-se na luz do poste refletida na calçada

Apertado, molhado no calor das mãos nervosas,

está o papel de bala com o convidativo nó

Ela sabe decifrar a senha, todos sabem

Se não soubesse, aquilo seria só um invólucro...

Mas está enlaçado... ah, esse lindo lacinho!

Da mão esquerda à direita, da direita à esquerda,

passeava o papel de bala com o atrevido nó

É uma encruzilhada esse nó... O que fazer?

Num relampejo de bravura, ergue os olhos

A malícia no sorriso acovarda o amado

A noite os encoraja, lábios se aproximam

E o papel de bala envolve o primeiro beijo

Osvaldo Júnior
Enviado por Osvaldo Júnior em 13/03/2020
Código do texto: T6887398
Classificação de conteúdo: seguro