NOSTALGIA

Eu sinto o peito opresso e sufocado

Nesta angústia de amar-te docemente

Tenho visões de céus... sonho dourado

O suster-te nos braços fortemente!

Ora mergulho no amor que me inebria...

Como a onda do mar gemendo à praia...

Sinto no peito febre intensa... esfria...

Como a onda do mar deixando a praia...

Qual ciclone que fere e que devassa...

Tudo é calma, passou tão de repente

Deixando a destruição por onde passa

Assim ficou-me a face bruscamente...!

– Olha, meu amor! Contempla o meu retrato!

Compara um com outro – o novo e o antigo...

E vê que já me falta o brilho inato...

Pois as rugas já mudaram teu amigo...!

Foi o tempo que passou em curto espaço

Forçado pela angústia da impaciência

De amar-te e ser, todavia tão escasso

Suprimir para sempre a tua ausência...!

(Rio Grande-RS, 1950)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 24/03/2020
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