Olhares Velados

E quando te fito, olhos nos olhos

Esses grandes olhos de jabuticaba

Já não sei onde um olhar começa

Onde outro, mais outro se acaba

Mais outro começa, assim, do nada

Pára o tempo, já não tenho pressa...

Eu disfarço, mas disfarço e olho...

Olho, olho e não disfarço, teu braço

O ombro tatuado, tudo, o pescoço

A nuca, os pelos, cabelos, fios de aço

Fios negros... Olho e já não disfarço

O corpo todo, a alma clara, o dorso

Esse meu pecado, olho e disfarço...

Como chamar o amor de pecado?

Se te amo com o olhar mais puro

Olho e não disfarço, olhar vedado

Sem preço, sem nexo, desvairado

Meu olhar mais claro, olhar obscuro

O dorso, as pernas, olho as coxas

Disfarço, se te olho o corpo inteiro

Dos pés a cabeça, eu olho e sorrio

Mais um olhar, um segundo, terceiro

Te olho, menina, não sou o primeiro

Te desço um olhar como água do rio...

Márcio Ribeiro
Enviado por Márcio Ribeiro em 11/10/2007
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