A deusa do meu altar
À Marisa de Sousa Brito
Eu, náufrago de amores abortados,
Certo dia, deambulava, implorando atenção,
Sentindo o frio na sarjeta da multidão,
Mutilando minha alma para ser amado.
Certo dia um ser transcendente a todos
Surgiu na minha frente, um anjo que ria contente
E que me pôs no colo, febril e demente,
Aquecendo-me com risos pueris e abraços cálidos.
Creio que foi a primeira vez que experimentei
A sinceridade, e tudo que antes testei
Era apenas as migalhas de outras frustrações.
Tu eis o ser mais iluminado de todos para mim,
Intangível, na sua complexa simplicidade sem fim,
Cuja brisa arrebatou meu peito mais que furações.