O vento

Se, porventura, vieres a conhecer-me,

Verás o Poeta em sua escrita,

E a vida

A decepar-lhe cada instante,

Com a supremacia da morte,

E a descoberta do dia a queixar-se...

Perceberás que sou eu deitado ao sol,

No inverno,

E no verão estarei na superfície vazia, lavada ...

Serei, apenas , areia

A retornar da boca das ondas,

como espuma do mar,

A levitar na placidez do que sou agora.

Causa-me a sensação do Outono,

essa intervenção das criaturas,

as suas mudanças,

O meio de tudo, o frio dos olhos que despertam,

quando são levados pelo vento.

As folhas, sendo ervas, nada temem

Enquanto gemem

na ranhura de uma cerca de madeira,

E dobram o portão caiado que , enfim, se abre,

Derrubando o trinco enferrujado,

Quando cai a consciência.

Haverá o silêncio,

Então, escuta! Ouvirei o teu silêncio,

E saberei o quanto é precioso ...

A Sabedoria do Silêncio Interno

https://www.youtube.com/watch?v=qyj-3P8_UmQ

O silêncio também fala, fala e muito! O silêncio pode falar mesmo quando as palavras falham. Osho

...o poeta quer romancear cada segundo, mas, a vida é cruel. Há sempre uma cobrança, uma emergência, e a vida se queixa para ele de não poder ser melhor.

Deitar ao sol no inverno é aproveitar cada momento raro, é pressentir ser, no verão, um grão entre muitos... aquele que faz a diferença, fluindo no todo, ousando contrariar o fluxo das ondas...

...e cada vez que se luta contra essa força proposta pelo destino, você volta mais forte, cheio de cicatrizes, mas volta mais forte, mais eficiente; essa é a placidez de levitar no que sou agora, essa paz, essa fluidez, paciente de um rio que me causa a sensação do outono, a estação do ano que se situa entre o verão e o inverno e, por extensão, é a época das colheitas.

Mais uma vez, quando tudo parece fazer sentido, vem o vento levar as folhas, trazendo mudanças; enquanto se debatem, essas folhas são, ao mesmo tempo, curativas...

são ervas, são florais, e enquanto gemem, fazem aquele barulhinho de debater-se por causa do vento, sob a cautela da brisa - sinônimo de energia, gemendo, debatendo-se na ranhura de uma cerca de madeira.

Mais uma vez, quando estamos prestes a encontrar a liberdade, a ideia de uma cerca traz a visão de que tudo é limitado e temos que ter uma grande força de vontade para vencer cada barreira. Finalmente, quando vencemos e superamos o portão, a barreira final se dobra ante a nossa vontade e perseverança, o portão não resiste e se abre...

Aquele que impedia a passagem, agora é um portal que se abre em múltiplas dimensões. O trinco, simbolo de nossos impedimentos, cai por terra, pois quando somos conscientes, experimentamos a verdadeira liberdade de experienciar a vida e, então, haverá silêncio. Estaremos conscientemente dentro de nós precisando de toda a atenção possível para a paz que traz o silêncio, onde tudo conspira para ouvirmos o Universo. Ouvirei o teu silêncio por ser igual ao meu.

Tenho a ti gratidão por todo esse amor.