A Lua responde
Esta noite, sozinho a contemplar a Lua
Sob as névoas da noite escondida
Perguntei ao Universo de forma crua
Como esquecer um grande amor na vida.
Fechei os olhos após esta retórica questão
E senti, suave, o rosto a brisa tocar
Assim, uma lágrima quis pela face rolar
Vindo-me um levíssimo frio no coração.
Por essa dúvida tão cruel carcomido
Ouvi, então, uma voz suave a dizer
– Um grande amor não é pra ser esquecido!
Isso te causaria um maior sofrer.
– Meu filho, um grande amor não se esquece,
Acalma esse teu inquieto e humano peito
Às vezes o amor encontra o próprio jeito
Para crescer e por isso mesmo apenas arrefece.
– Segue, pois, a tua vida, pleno e confiante
Viva com intensidade, equilíbrio e paciência
Por que o amor, se verdadeiro, lá adiante
Ele volta, nem que seja noutra existência.
Após dizer tudo isso com ternura e carinho
Calou-se a voz que veio não sei de onde
No céu, outra vez, a lua enfim se esconde
Mas eu sei que ela segue o seu caminho.
Recolhi, para o íntimo a minha dor
Porque não sou vítima desta fatalidade
Talvez algoz de tão puro e lindo amor
Buscando aprender com esta oportunidade.
Cícero – 03-04-2020