mamada miserável

há demasiados deuses

para serem cultuados

além do homem

que se considera um.

mas a exposição de seus pecados

não o levará aos portões do Paraíso,

tampouco ao rio Cócito.

"cancelem minha ressurreição," 

digo para quem estiver me ouvindo.

não há perfeição para o homem

condenado à cegueira dos próprios

defeitos.

ele dita sua própria lei,

ele escreve sua própria Bíblia,

ele observa a imperfeição alheia, crescido

sem uma Grande Guerra,

sem uma Grande Depressão,

tentando chupar o próprio pau

pois não há melhor boca

do que a própria.

sem alguma Maria a ser corrompida

ele busca a paz através de guerras,

explodindo a virgindade daquelas

cuja negação

foi seu maior crime.

o pecado dos outros é não enxergar

seu potencial; abalado e frágil,

falando de Narciso aos cantos

de uma cidade abandonada aos viciados.

queimando as asas de Ícaro, 

pois se vê mais poderoso do que Apolo

e seus tesouros perdidos nos desertos

que mortais apodreceram.

em seu evangelho, Judas seria

o justo

ao falar que Jesus Cristo errou

a confiá-lo estar em seu grupo,

a se dar por vencido afim de

salvar

a criação de seu Pai,

Dele mesmo.

mas eu escolhi não me ajoelhar

para imagens de absolvição.

Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 22/04/2020
Reeditado em 26/10/2022
Código do texto: T6925537
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