Não existe amar fácil...

Não que não amar seja melhor que amar...

Amar é maravilhoso, é extraordinário.

Mas, nem sempre o é, várias vezes, melhor fosse ficar só;

inatingível para o amor. Amar requer uma pulsação a dois.

E, se isto não acontece, há uma tensão permanente.

E, não amar, passa a ser melhor que amar.

Não beijar, há mais gosto e prazer que beijar!

Não que não amar seja melhor que amar...

O entrelaçar carnal de dois corpos requer uma

enormidade de doação dos seres. E é pleno, é inteiro.

É quase como que uma vida se perpetrasse em duas, e,

as duas, uma vez unidas, ligadas, se fizesse em uma.

Não existe amar fácil. Tudo se complica ao menor desgaste.

E, o amor fica ralo, se dissipa pelos vãos dos dedos, escorre pelo chão da sala, foge de casa, escapa, e se vai para sempre!

Não que não amar seja melhor que amar...

Mas, quando o amor se vê acuado pela frieza dos seres;

melhor não tivesse amado nunca, melhor ignorar o amor.

É como um vidro, que partido, nunca mais se refaze como era.

E, então não amar é melhor que amar, bem melhor.

O amor antes esplêndido, soberbo, suntuoso...

Agora é uma casa fria e sem vida, um vidro quebrado!