POESIA COM ROSTO

Meu corredor não tem espelhos, sombras, luzes partidas, mordaças.
Apenas agastadas passarelas, signos que se movem sob os meus pés,
Sigo em frente, nem sempre tudo foram esgrimas,houveram planícies!
Poder-se-á dizer, que flores e estrelas, deram dimensões significativas...
Mas,os atalhos apenas criaram expectativas,abriram janelas indesejadas.
Contrapartida não ficamos alheios cimentamos as distorções seguimos...
Essas partes que formam o meu todo,são lembranças,também são ilhas!
Algumas bifurcaram-se,quando revisaram a trajetória você havia partido.
Desde esse dia ouço sussurros aos meus ouvidos,sons da palavra talvez.

Retratos presos à parede objetivaram, retalhos colorindo nossa alcova.
Minhas identidades, esses insights, fotografam as minhas recordações...
Fotografando minha alma,a vida,meus sentidos,fazendo sangrar a carne!
Olho-me no espelho não compreendo, apenas constato nossas cicatrizes.
Vejo as solidões,as angústias,o que sobrou de nós,incertezas,reticências!
Roupas presas aos varais defluem o perfume,salvas ao que fomos,aspas.
Peça íntima a desenhar a silhueta, e quando você desvestia e tremulava,
Essa bandeira branca, aguçava meu olfato,minha libido,toda uma reação,
Em cadeia preparava meu corpo,desgovernava meus mais rudes desejos

Houveram momentos ímpares, enfermeira, e bombeiro, nossa fantasia
Mundo de cumplicidade,sem estereótipos,quando depúnhamos as armas,
Deixando o sol dos nossos corações, esse oceano irradiar nossa volúpia.
Havia frenesi,torrente de desejos nos inundavam quebrávamos protocolo
Assim, pegávamos as carruagens, seguíamos as trilhas da nossa paixão
Contudo,o presente ficou preso nesse papel carbono,vejo nossos filmes.
A memória vê o crepúsculo,os olhos veem as lembranças, as adjetivam.
Essas lentes passam a limpo o nosso passado,vaticinam meu presente!
Recolhi no biscoito da sorte o papel, apenas estava escrito saudades...
Albérico Silva