RESPINGO (NOVO!!)
Assintomaticamente
achei-me compulsivo
a tossir sintomas em
murmúrios nas entrelinhas,
como quem deseja encontrar
na tosse a prosa feita
(algo claro e oculto),
a obra e o adágio,
papel e caneta de tinta.
E o fato já era um feito:
Feito espirro na face desavisada,
um cuspe em tela semi-bege;
Feito a epiderme borrifada
do espelho do banheiro que nos vigia;
Feito testemunho de pára-brisa
se derretendo pelo amor que assiste;
Feito gotas da sua flagrância
que nunca evapora, nunca escorre.
Cá está a marca indelével,
tal imã em gota na geladeira.
Essa virótica febre resfriada,
expelida e dissolvida.
Sempre, nunca curada,
vive respingada.
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