CONTANDO AS PEDRINHAS

Eu andava cabisbaixo na ladeira

Com passos apressados e curtos

Eu contava as pedras, brincadeira,

Nela pensava e entrava em surtos.

Na casinha lá no morro estava ela,

Arrumada e cheirosa a me esperar.

Empolgado, eu gritava o nome dela,

E ela ouvia seu doce nome a ecoar.

Curta estrada parecia não ter um fim,

Pedras contadas refletiam ansiedade,

O cheiro dela estava todo sobre mim

No meu peito tinha amor de verdade.

E ela também me esperava ansiosa,

Na simples janela da casinha de barro,

Seu rosto meigo e ela toda dengosa

E o pai dela, bravo, fumava um cigarro.

Eu apressado, mas a noite já chegava,

Tempo fechado, mais cedo escureceu,

Fiquei com medo, pois no céu trovejava,

Pensando nela, meu coração aqueceu.

Enfim, cheguei bem perto da janela,

E meu coração emocionado bradou:

Amor! Eu nunca vi tão linda donzela!

Segurei as mãos dela e ela me beijou.

O pai dela lhe perguntou quem eu era,

E ela disse, emocionada: é meu amor.

Num piscar de olhos, pedi a mão dela,

E os olhos dela verdadeiro esplendor.

O velho concordou com o casamento

Apressado, logo comprei as alianças,

Por mais que envelheça esse momento,

Desde lá eu já pensava nas crianças.

Trinta anos de amor se passaram

E o tempo só aumentou a ternura.

Quanto mais vivemos na candura

Mais os amores se solidificaram.

Ênio Azevedo

(Mera poesia!)

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 18/05/2020
Reeditado em 19/05/2020
Código do texto: T6950830
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