Teus Olhos
Fecho os meus olhos
e olho o Infinito...
Lá os teus olhos
eu projetei.
No fundo da alma
mora a esperança,
porque os teus olhos
lá eu fitei...
Gravei-os, assim,
com as garras do amor
dentro de mim.
Dizer como são?
Como explicar
o que só os olhos
podem contar?
Dizer que os quero,
seria pleonasmo,
porque estes olhos
são para mim obcessão...
Em todo o meu canto,
deles me lembro.
Como esquecer-me
daquele verdor?
Teus olhos prá mim
têm exatamente
a cor deste amor...
Estes teus olhos
tão lindos, tão verdes,
tão meigos, tão teus,
um dia, capricho,
só para afligir-me,
deixaram que eu cresse
que eram só meus...
E, agora, imagino
que coisa mais linda
seria estes olhos,
do verde do mar,
fitar-me um segundo,
querendo dizer-me:
"que importa este mundo,
que importam os conceitos,
se eles impedem
a beleza de amar!"
(do fundo do baú, ano 68)