Dia do abraço

Sempre pôde ser comemorado, mesmo sem ser lembrado

Hoje, por amostra, só virtual e abstrato

Faz da esperança leito adaptado

Tempos estranhos...

Como desejar um feliz dia do abraço?

Só com a lembrança doce desse vivo laço?

Só com o acalento no peito grafado de abraços passados?

É possível o mesmo calor só de pensar no que liga dois corações por esse atalho?

Tempos estranhos...

Dentro de um abraço

Tanto se encontra, mesmo que não se busque

Agora, forçadamente despendido

Limitado por uma pandemia, em cada braço, retido

Silenciado em si com a ternura mais sólida que aço

É tristemente contido

Lamentavelmente desperdiçado...

E as confortantes batidas de corações em compasso

Hoje só repousam em memórias e vontades

De glórias de encontros de perfeitas metades

Atadas em maravilhosos abraço

Que vençam os tempos estranhos!

Porque assim é o abraço

Justa medida de troca e doação

Sem perdas, perecimento ou subtração

Antídoto, resposta, remédio. Berço.

Acalenta, alimenta, acolhe.

Resignifica. É.

É resposta para os tempos estranhos

Em que pensamentos e gestos tacanhos

Se dissolvem em seus pés, ou melhor, em seus braços.

Por que não abraçamos mais?

Envolvida em nossos braços

Nos nossos abraços

Que a chama da vida se reacenda

Queime o desamor e a ignorância

Desfaça traumas e nós da insignificância

Resgate o melhor de cada peito

Porque o abraço pode ser a melhor parte de nós, fora de nós.

Que nossos braços superem os tempos estranhos, e resgatem a força dos abraços. E que o dia do abraço possa ser todo dia, de novo.

Alda Guimarães
Enviado por Alda Guimarães em 24/05/2020
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