Balela
Os pés descalços
Caminham evitando percalços
Tateiam o solo, fugindo do caminho falso
Sempre em sua busca, ao seu encalço.
No contato da sola do pé com a epiderme da terra
Comprime suas incertezas, suas dúvidas enterra
Toda sua insegurança subitamente se encerra
A energia telúrica invade sua alma e vence a guerra.
Buscar-lhe é sempre o único caminho
O poeta já declamava que é impossível ser feliz sozinho
Você é meu ar, meu alimento, meu pão e meu vinho
Minha carícia de pétala, minha dor do espinho.
Sem você, tudo é tão vazio
O sol não nasce, faz frio
Torna-se intransponível o desafio
Prolonga-se o interminável estio.
Você é meu destino, meu fim e o começo
Tudo que quero,preciso e não tem preço
Meu complemento,minha melhor parte e meu avesso
Minha liberdade, meu voo, minha inércia e meu gesso.
Minha ponte, meu porto seguro, minha cela
Na noite escura, meu farol e minha vela
Cor que dá vida à minha branca tela
Minha verdade nessa vida de balela.