a jaboticatubas de milhas de mim

Devo ir dormir. É tarde.

Mas o dia me deu tanto que não quero largá-lo.

Atiça-me na noite a lembrança de tua mineirice distante

A tua maneirice afastada, tão longe

A jaboticatubas de milhas de mim.

A ausência de tua presença corrente me agita

A falta de tua permanência incerta, diáfana, e tão concreta

De teu sono afoito e sofrido

E teu despertar querido e preguiçosamente sorridente.

Teu sorriso matinal não se descreve: só se lembra.

Dás-me a ilusão como se realidade fosse

A ponto de eu não saber até que ponto existes

E eu, até que ponto fui por ti, contigo

Até que ponto sou e onde me diluo.

Dissolves-me no meu sonho.

Teu beijo interminável me explode em vida.

És a generosidade que não se sabe

A beleza que mal se exalta

A verdade que não se desvela.

Tuas pernas sobre as minhas são meu sonho de sempre.

E cuidar de tuas esmeraldas frágeis serei eu

Com todas as minhas águas e forças.