Dormindo
As horas calmas do crepúsculo
apenas dormes numa cama aconchegada,
e sua leve respiração movimenta
as flores molhadas pelo orvalho nos seus seios.
Se incômodo ofendido burburinho delicada
perturbar-te às vezes o adormecer afetuoso,
parece o grito de um infanto,
ouvido de distante, - “quase um trino”.
Se fores tocada com um singelo afago,
uma mão fria como de um menino.
- Por favor, não deixe de dormir afetuosamente e,
não descerres estes belos olhos, amáveis.
No lusco-fusco permanece magnitudes delituosas,
mas tão-somente o seu encanto colore todas as odiosidades,
e minha alma, simplesmente vela o seu sossego,
vai de amor anelar na alcova sua.
Minha alma pobre estremece de lhe ver,
da candura no alvo desamparo,
assisada a sua beleza balsâmica e ingênua,
tudo isto vejo quando estás adormecidas em seu leito.
Me espanto com seu encanto dormindo, irei te velar!
Escuta-me? – “Murmura bem longe, cálido e quedo,
no oceano as águas; ventar, o vento rumoreja
delicadíssimo e afetuoso no arvoredo...
Não me ouve, por favor... O firmamento fulgura
nos alcances da luz do luar, - bela é a noite,
a luz intensa esbate-se nas janelas, nos vitrais,
é lívida cintila a face dela e, sua beleza o fusca a luminosidade...
Parece um belo anjo, um anjo que habitas em meus sonhos,
prostrado aos seus pés me vês risonho em silencio,
não abras seus olhos! Que a ilusão dos amantes
minha alcunha esflore nos seus lábios lindos.
Mas não! Dorme tranquila! Que te importa?
Se eu habitasse dentro de ti, seria febre da consternação?
Meu agudo sofrimento que te importa? Adormece! Sonha!
Não descerres estes belos olhos, amáveis.
Douglas Stemback