O desconhecido

Fazer dele o marco do meu corpo,

tê-lo nas canções que o vento me sussurra

entre as folhas balançantes lá do morro,

com os dedos entrelaçados de carinho.

Beber dele o veneno e o anticorpo,

veia e sangue, pele e coxa, na mistura,

ouvir a prece do gemido e o socorro,

estar no peito desse homem que adivinho.

Fazer a dança das ondas mareadas

tocando a areia num ir e vir em desatino,

como fossem lábios e língua numa boca,

como fossem falo e greta em acarinho.

Entregar a alma e a pele, apaixonadas,

traçar na mão uma nova linha do destino,

rir o riso do amor como uma louca,

abrir o corpo como o ninho ao passarinho...

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