Não passo de um rabiscador

Ah, se eu soubesse fazer poemas!
Transitar livre nos caminhos da poesia,
passear, deslizar em seus encantos,
mesmo sendo com vocábulos,
mas, prosaicos, seria perfeito.
Seria hilariante delinear seu olhar
solto, tocando o infinito,
estreitando nossos caminhos.
Se eu pudesse fazer poemas,
sua boca estaria em cada pauta
entreaberta para calar, colar
no risco do beijo, na letra de cada verso,
cobrindo todos os espaços,
pecando se algum ficasse em branco.
Ah, se eu pudesse transitar
livre, jogado em seu corpo;
o erótico me inebriaria,
minha poesia ficaria nua,
despida ao desejo;
só que, não sei fazer poemas
para que suas mãos acariciem.
Mas se eu fosse capaz de ser poesia,
a morada seria em meu peito,
a namorada minha teria o florir
dos poemas, do amor que nunca morre.
Ah, se eu soubesse fazer poemas
para falar que o sonho é a composição,
o veículo que pode ao amor
o poder de amar para sempre,
mesmo que seja um devaneio de poeta.
Ah, se eu pudesse fazer um só poema
para viajar, também um só momento,
no veículo dos nossos encontros,
para poder, querer ficar
neste sonho para sempre.