Uma rua chamada poesia

Caso por acaso magoei,
fazendo danos aos seus retalhos,
frascos de felicidade que não dei,
saiba que bem pouca percebi.
Foram acordes que me fizeram acordar
para saudar os erros com pérfida
e uma definição de sucumbir.
Foi o acaso que instante veio
carregar o aço ao seio,
fluindo o próprio habitar deste amor
que se engana, aguardando perdão,
o afago tranquilo da abençoada mão,
repetindo do rosto o turvo triste,
compelindo a boca amarga à sorrir.
São projetos que a noite sonha,
momentos que se pode ver
em atos para sentir e conter,
coisas que nunca virão mais de você.
Também são rabiscos os projetos de poemas,
no errôneo desejo de letras,
em linhas tortuosas fazendo versos,
que só as manhãs entendem a falta de sono
quando o dia raia e a aurora cumprimenta,
enquanto pouso a caneta lenta
na face rosada sua,
que fica à espera do papel.
Também só você pode contemplar
o tanto escrito, pelo pouco dito,
tantas vezes repetido,
sem se esquecer que o amor é único, um só.
E minha trajetória pela língua é cansativa,
enfraquecida pela falta de alimento,
pelo suco de sabedoria dos poetas
ou mesmo sua vasta instigação intelectual.
Só que sou simples folha de jornal,
de notícias comuns ao mundo comum.
Desrespeitando a riqueza da linguagem,
mergulhei em palavras para você...
Só para você.