Amplidão

A noite, fosse no que fosse,
ou no que antes fora...
sempre é noite!
Sempre, sempre é noite
em instantes, creio companheira,
quieta, invadindo sorrateira,
buscando lentamente a madrugada,
solidão desconsertante e apaixonada,
penumbra quebrada pela aurora,
quase, quase raiada.
Noite quase lenta, noite
sufocante no despejo de ilusões,
sonhos em madrigais fugitivos,
em telúricos momentos furtivos
que os cobertores virginais,
tópicos de vestes em trechos originais,
desnudavam minha alma
aos cântaros das prosas,
a fontes luminosas emolduradas
pelo contorno que vestia a silhueta,
que pairava, bailava, enfeitando,
talvez como se fosse mais uma
dentre tantas, a estrela que mais brilhava.
Ah, noite das descobertas,
vestindo o negro, largando perfume,
saboreando amargor, fazendo ciúme.
Quisera fosse, talvez o fosse
apenas um pedaço e a fatia consumida,
um frasco de vida
que mareja os olhos flutuando no ar.
Hoje és morte, mas, logo o ocaso,
o crepúsculo te renascerá, até que
haverá nosso desencontro
e contigo ficará tudo que sinto hoje...
Agora, talvez neste último encontro.