Ex - namorada


Do seu amor a lacuna aberta fica
no voo até meus sonhos,
no lampejo de luz que se apagou.
E pelo dito das razões que crucificam os pecados,
o pecador se dispõe ao castigo.
Quisera que o carrasco não fosse amigo.
Não desejei magoá-la,
mas recebe-se o afago e a pedrada.
A mão é sempre a mesma.
Do seu amor a lacuna aberta fica
no desencontro, no atalho dos caminhos.
Foi vã a idéia de repassar a vida,
aguardar a manhã, do súdito,
do prêmio ao brilho dos olhos,
para logo se negarem,
esgotando um esboço de movimento da boca,
chamado sorriso.
E por um só riso
fomos, descobrimos a clausura
no dito da razão,
sem afetar a emoção
já tão desequilibrada que caiu,
rolando ao meu leito.
Do seu amor, ah, a saudade quis esmolar,
só que ainda pude esmolá-la,
com afagos... Sem pedras.
Com a rotina de nossas coisas,
na multidão de caras novas,
nas rimas de tantas trovas,
no sereno molhando a relva,
e pelos gritos que detive com a saudade
gritando, profanando o silêncio da noite
com seu nome, Nelma... Nelma.