recortes

a brisa fresca de relva

e a grama verde úmida

alinhavam-se beira-rua

sob meus pés

torpor lento e sépia

o ar tem um cheiro paz-euclásio…

enrolo meus braços na cintura magra

e aperto suavemente

a ponto de nada mais existir entre nós

pouso minha orelha na tua espinha

ouço o som da respiração suave misturar-se ao tempo-brisa

são as primeiras horas do dia

e ouro-pólen dos fios de sol riscam os pinheiros

respiro fundo

tão fundo

inerte mundo

enquanto meus cabelos -ainda longos- desfazem o vento

você faz uma curva suave no cantinho da minha bochecha…

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Poema do livro “Palavras Diáfanas”

e publicado na Revista Literatura&Fechadura.