Removendo

Removendo as gavetas do passado

Obriguei-me a manusear retratos

Que pareciam estar guardados.

Cada um registrava tipos de lembranças

Em meio às surdas e mudas desesperanças.

Entre eles havia um colorido envelope

Que, cuidadosamente, guardava uma moeda

Cujos lados desvelavam duas faces não iguais:

Uma, cândida; outra, enigmaticamente sensual.

Joguei a moeda para o alto e na palma da mão

Caiu, para mim, seus olhos destilando desejos.

Tive coragem e fechei os olhos para sentir melhor

Toda maldade em sorrisos desenhadamente contidos,

Abrindo janelas para músicas ouvidas pelo silêncio.