ANJO MULHER

Veio de mansinho, feito bichinho, que sai do ninho,

virou sereia, bebeu meu sangue, rasgou minha veia.

Pernas envolventes, curvas salientes, beijos sedutores,

enxugou minhas lágrimas, abriu minhas asas, curou minhas dores.

Era seca, a água evaporou, calou o violão,

ela aguou a planta, germinou a letra, fez a canção.

Como um raio, uma luz, um anjo mulher,

se declarou, me iluminou, me colocou de pé.

Agarrado, enfeitiçado, preso ao seu cordão,

ela me cativou, fez um carinho, me tirou do chão.

Carente, sol nascente nas madrugadas de amor,

amarrado a seus passos, preso a seu laço, não sei quem sou.

Ela furou meu teto, lançou o verso através da lua,

mudo estou, embriagado de amor, sorrindo pra rua.

Mordeu a semente com seu dente quente e afiado,

deixou-me no deserto, sem estar por perto, desorientado.

Me atraiu, me seduziu, sumiu e não voltou,

vazio foi o que restou do meu coração sonhador.

Foi tanta vida, tanta entrega, tanta emoção,

que ainda guardo muito encanto vivo dessa imensidão.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 11/08/2020
Reeditado em 21/08/2020
Código do texto: T7032886
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