Amor terreno

Não há em meu amor

A pureza e a fluidez

De um manancial intocado pelo homem;

Com ele, carrego as impurezas e o peso

Oriundos deste mundo caótico.

Não transpareço em minhas palavras

A translucidez e a sutileza

Atribuídas a um espírito de luz

Pois, por mais doces ou meigas

Que sejam, ainda estarão impregnadas,

À sordidez e à hipocrisia

Enraizadas na natureza humana.

O brilho dos meus olhos

Confunde-se a um reflexo vazio

Perdido na redundante cintilância

Das metrópoles...

E, ainda assim, tenho um lugar

À lareira que se faz teu colo

E todo o aconchego que pode me dar

O teu vasto coração

E, mesmo na assimetria

De meus sentimentos,

E, mesmo na desarmonia

De meus pensamentos,

Tens o poder de juntar meus cacos

Esparramados pela névoa densa

De minhas incertezas

E me trazes à lucidez do teu olhar

À calmaria de teu sorriso

E à segurança de tua presença ímpar.

Claudiomar
Enviado por Claudiomar em 15/08/2020
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