Q U E R O

Quero te falar de agonias,

de noites frias,

de versos presos,

canções vazias...

De mil amantes

e milhões de instantes,

que te trouxeram,

que te levaram,

que te calaram...

Quero te falar destas manias

que eu cultivo,

na tua ausência,

pois não me livro

da tua algema

que me escraviza,

que me avisa

de mil dilemas

nos meus poemas...

Quero te falar destes amigos

tão "amigueiros",

e de parentes,

tão insistentes...

Deste amor voraz,

que nada traz,

só pede a gente,

com insistência,

e devolve ausência...

É como um gelo

que não derrete,

ou como um espelho

que não reflete;

ou é um conselho

que não se liga,

prá curar uma dor

já tão antiga...

Quero te falar desta poeira

dos anos gastos,

e das olheiras que eu amanheço,

e das sentenças que eu não mereço,

e de amores francos

despedaçados bem lá no fundo

de mil barrancos...

Hoje eu te previno

que o amor é mudo,

que o amor é surdo,

jamais se expõe...

Vive nos sonhos

que a gente esquece,

cresce na gente

quando escurece...

e é tão medonho,

assustador,

é preto e branco

às vezes em cor...

- Ou é um encanto...

... ou é um horror...

Nilton Moreira Coutinho
Enviado por Nilton Moreira Coutinho em 21/10/2007
Código do texto: T703955