Vigília

Deito-me negro na noite.

As fontes jorram as muitas fomes que há em mim.

Sei as bocas, todas as palavras , o ferro e o medo.

Sei que onde o teu corpo se raspe nascem vozes

murmúrios a ferver na pele e no espanto que te perfumam.

Vem, macia fera ao meu reduto e mata-me.

Que possas na minha carne ser o lume e a lâmina,

que seja a tua língua mar dos meus sentidos

e que de ti venha, feroz como um urro, o meu tumulto.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 20/08/2020
Código do texto: T7041640
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