Poema – Os olhos da minha alma

Poema – Os olhos da minha alma

Acordei as duas e cinquenta e cinco da manhã

Ela ainda estava dormindo ao meu lado

Com aquele corpo escultural

Que me remetiam as Deusas Gregas

Uma angustia tomava conta de todo o meu ser

A brisa fria vindo da janela me atraia poeticamente

Fui até a janela encarar o vazio da noite

Estrelas mortas em um céu de mentiras

Que me remetiam as vontades

Suprimidas na parte mais suja da minha alma

Há uma loucura da qual não consigo explicar

Um desejo de insanidade que exala da minha alma

Como se a vontade de estar morto

Tomasse forma e a minha loucura transcendesse a filosofia

Me encaro no espelho

E já não me reconheço mais

Corro até a cozinha ofegante

Pego uma colher velha e a esquento

Contra o fogo

As minhas mãos ardendo com o calor

Faz com que um ataque de risos

Tome conta de todo o meu ser

Volto até o espelho gargalhando

Como um sátiro

Sou hoje dono de uma felicidade inimaginável

Enfio a colher diretamente nos meus olhos

A dor da queimadura a romper a minha pele

Misturada com a força dos meus punhos

Ao remove-lo completamente do meu rosto

Me dão o êxtase de uma felicidade que jamais

Havia sentido antes

Caio de costas suando frio

Enquanto o sangue escorre do meu rosto

A dor de cegar-me por completo

Não é nada comparado com a dor

De me encarar todos os dias no espelho

Deitado no chão frio gargalhando

Como um lunático

Tomado pela dor e pela loucura

Me esforço ao me levantar aos poucos

Me arrastando como um pobre coitado

Subo na cama, e deito-me ao seu lado

Seu sono é pesado devido aos medicamentos

Ou eu a matei antes mesmo que ela pudesse dormir?

Ah (...)

Os teus olhos profundos

Cheios de vermes

Agora nós somos iguais meu amor

Agora nós somos iguais...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 24/08/2020
Reeditado em 18/12/2020
Código do texto: T7044946
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