Cândido Amor
Cândido Amor
Quis no mesmo instante, pelo beijo, te pedir desculpas
Um perdão urgente, ou quem sabe, reticente
Tentando me redimir de tamanha ousadia
Procurava coragem pra dizer: “Fui longe demais, quem o diria!”
E ao revelar meu rosto, até aquele momento, pálido e vergonhoso,
Encontrei no teu um brilho encantante
De satisfação confirmado; de pecado perdoado
De ressabiada passei à radiante
Te vi cúmplice de um desejo imediato,
Porém, nem de longe saciado
Senti que nós queríamos muito mais. Bem mais.
E em teu braços experimentei a sensação de paz
Nossos corpos ávidos um do outro,
Nas seguidas manhãs, se separavam a contragosto
E de encontro em encontro, descobri:
Não se pede desculpas pelo inevitável;
Não se pede perdão pelo desejado;
Não se pede partida ao que é chegado;
Não se deve apagar o iluminado;
Não se condena o que é sagrado;
Esqueci de desculpas. Sorri pro nosso bem!
Quem quiser que me ponha culpa.
Sigo amando e sendo amada
Não nos incomodamos com nada.
Não nos importamos com ninguém.
Eu estou feliz!
E o meu amor, Também!
Analúcia Azevedo. 1 poesia de 2005. 04.01.