O amor

És morno, oh amor!

Não ardes feito louca paixão.

Não tens sofrimento, nem graça.

Tua simplicidade debocha do desejo.

Mas és inteiro embora não sejas robusto, és estável, embora não sejas concreto, és agradável embora não tenhas gosto de nada.

Sabe, amor. Tu és virtude mas não és virtuosismo, não sabes tomar um corpo com o capricho de quem toca um violino. Não sabes beber da fonte borbulhante e secreta dos amantes. Não, amor. Nada és senão remédio, nada és, senão fortuna, mas ainda és o melhor dos nadas.

Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 26/09/2020
Código do texto: T7072526
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.