Amor impossível

Eu acreditava que não existia amor impossível

Porque amor é chave.

Eu achava que era uma chave mestra. Para todas as portas: ela.

Mas não abriu uma porta: a do seu coração.

Me peguei abatida, tentando achar uma chave que servisse, num molho de possibilidades.

Todas que eu pudesse tentar. Todas que eu pudesse fazer girar, e abrir seu mundo pra mim.

Mais que abatida, pensei em arrombamento, assalto anunciado, sequestro do seu amor.

Nunca pensei que amor não correspondido atraísse tanto desejo de coação.

E eu, que era toda coração, abriguei o crime mais sério, o que o egoísmo concebe e gera, o que não tolera o não.

Só porque descobri que a chave que tenho, não encaixa na sua porta, e que, na sua rota, minha vida não segue ao seu lado.

Mas não é só. É muito de tudo. Ruiu uma crença, uma fé e uma esperança. Eu te esperei como uma criança, mesmo sem promessa, mas com muita pressa, de ser sua enquanto vivesse e depois que morresse, experimentar na eternidade, o amor que por você sei não ser etéreo.

Mas não serve pra você.

Não sei se te respeito ou se te odeio. Não sei se critico sua burrice e falta de percepção, mas aí me lembro: quem sou eu pra governar seu coração?! E me lembro que te amo.

A dúvida se transforma em silêncio. O mais contido. O mais pranteado. O mais frustrado. O mais rico e o mais pobre.

Choro enquanto seguro a chave.

Será minha relíquia de vida.

A chave que nunca será usada, mas que seria da casa mais desejada, apesar de não poder habitar.

O choro vai passar. Um dia. Como tudo que há.

A chave está guardada. Para sempre, como lembrança de que existem amores impossíveis.

Alda Guimarães
Enviado por Alda Guimarães em 30/10/2020
Reeditado em 30/10/2020
Código do texto: T7099701
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