,,, o ensejo arquejado do teu sonho

Serei o ensejo arquejado do teu sonho, meu amado,

ou talvez, o imaginário basilar, fundamental,

do oásis rumorejado,

no brilho das folhagens dum quadro inacabado.

Porventura a espuma, a onda, a magistral vaga,

a pressentida obra d’arte plagiada

na distância apaziguada e na lonjura do deserto.

O mar bravio que t’habita nas horas despidas de vida.

O ímpeto clamoroso do tinto duma paixão,

a sereia que se agita, que te chama, que te grita

evidente, no desejo dissimulado de me veres,

de me teres, crisálida aberta,

ogivada em colunas gregas, sob o sol do meio-dia,

em poisio d’ absoluta entrega,

na palma da tua mão.

Serei o som sibilado da hidra, a cor rubra do pecado,

o destino antigo reencontrado, o fado lacrimejado

p’lo gemido duma guitarra.

O rosto reconhecido no recorte do tempo.

… no teu corpo, a plenitude, o momento.

Da alma, o pulsado do grito incessante, da ternura

a magnitude gloriosa, o agito do sentimento.

E no entanto, amado …

A cada dia que se acorda, que nos acorda doente,

não sou mais que dor, ardor, encanto e pranto

e tão somente, serenidade da luz plasmada

em espera

e, na noite que se tarda, farol que te alumia,

que te reconduz a ti, no bombordo da amurada.

O tudo, o nada e o quase tanto … tanto!

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 27/10/2007
Código do texto: T712621
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