[...o amor deles... tem pressa] (Dueto)


Do espírito que se angustia pelo que veemente deseja:
Amar... e ser... amado!
Do que ardentemente se anseia
Não, inadmissível perder... tempo
De tal tormento d’alma pela incerteza se o terá:
Tempo... para amar... e ser... amado!

Pesa-te o tempo perdido, alm’ansiosa?
Qual pingo d’água a impedida é na boca de quem sedento
[s’encontra... no deserto!

E o coração lhe oprime à medida que o tempo foge...
Sobretudo ao indício de quem agora se despede
(mesmo que certo é seu retorno)

“Até à próxima!” ...
Aos ouvidos que tantas vezes tal sentença s’escuta
“Até à próxima!”

Não, para quem ávido está de amor a alguém...
[penoso ouvir até mesmo um “até depois” ... um “até breve”...
E por quê?
Simplesmente porque não querem...”perder tempo”
Onde não admitem par’ambos se dizerem
E menos ainda a ouvirem

Ah! Imagine caso escutem a sair da boca de quem amam:
“Até à próxima... encarnação!?”
Não, não e não
Os que se amam querem que seja nessa!

E é por isso que o amor deles... tem pressa

Ah, Tempo! Tempo que a tudo e a todos abraça...
Será que alguém, que um Titã não fosse,
Já fugiu das entranhas de Cronos?
Tempo dos paradoxos,e dos contrastes, bendito és ó tempo de agora!
Tempo que trouxe do céu sentimentos...
Oh! Saberia eu definir este vivo sentimento?
Como descobriu mais esse tesouro?
Letras profundas... A.M.O.R...
Mas...
Tempo, onipresente...
E que sempre lembra, que não se pode voltar
no tempo, mas se pode recomeçar...
Desejos... impulsos vivos...entusiasmo
Arroubos... ímpetos a que nos arrebatam...

O tempo também faz alertas...
E nos fala de sentimentos
"contaminados"...

Não nos deixa esquecer, e parece ter prazer em nos lembrar
(será o tempo sádico?)
Que somos hoje, neste agora, pois que no amanhã
Já não mais estes que somos,
Não o seremos...

[produto de tudo que já vivemos...
Somos, um Combo ou um Pacote fechado,
Neste agora, mas ao se mexer os ponteiros
Do tempo e da própria vida, pode mudar...
Metamorfosear, sofrer alterações...

E em todo tempo o sangue vocaliza no corpo
(E não tão somente n'alma, conforme muitos creem!)

E é com isso que temos que lidar...
Como a estar a carne algemada numa sutil cadeia
Ou seria a estarmos afogados na embriaguez de nossa paixão
Sei lá...

E é assim que devemos nos amar...
Não esperando que sejamos
Zerados...
[todas as experiências se fizeram pontes,
Trilhas, atalhos e caminhos...
Pelo céu, pelo mar, pela terra...
Para que juntos pudéssemos
Neste agora
Estar...
E ouvir da boca do tempo
...o amor deles... tem pressa

Amor o qual pela nebulosas
Buscamos, o amor divino
Que nos ilumina...

Neste cenário ond'executamos nossos atos
Ou mesmo dormimos no enlevo de nossos sonhos

Não, não buscamos um no outro, no agora,
As perfeições de um Deus, mas
a Semente-de Deus...
Não nos idealizamos...

Mas repercute em nós
A voz do tempo...
...o amor deles... tem pressa

Amando-nos, nos "redescobrimos"...
E sorrimos com as “evidências”
De que o nosso “Eu te amo”
Não é de agora...

Isso eu sei...
Sombras a que fomos a procurarmos num céu ilimitado e escuro
Todavia, vede, pois que nos achamos...

Ah, como me apraz deitada no teu colo,
ou te dando colo...
Ouvir o sussurrar do tempo...
...o amor deles... tem pressa

Apraz-me nessa viva fantasia
ao contrário de tantos miseráveis sem saber o que fazer nest'exílio

E assim, com a voz do tempo,
navego em meus devaneios
De namorar teu rosto
ouvindo música
contigo...
[as nossas músicas]
Acarinhando teus cabelos,
e os beijando...
E sussurrando:

Eu Te Amoooo

E nós dois ouvimos...
...o amor deles... tem pressa





Fausto de Deus e Juli Lima
[09/12/20]
















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