Eu assumo

Sinto muito

Por não sentir

Quase nada

Durante tanto tempo

E esconder de você

Essa verdade que

Salta de hora em hora

De dentro

Do meu peito

Eu assumo que tenho medo!

Medo de encarar

A dura realidade

Da vida

Que é saber

Que seus olhos repousam tranquilos

Sobre a beleza de outra pessoa

Assumo que tenho receio

De imaginar

Seus pensamentos soltos

Encontrando morada

Em outras bocas, dedos, corpos

Em completo abandono

Por caminhos tortuosos

A vida e a morte

Acontecem num estalo

Um dia eu te via aqui

Ao meu lado superforte

No outro,

Tive que apagar da memória

Seus pedaços

E nunca mais

Pude agarrá-los

A vida tem seus mistérios

Trilha caminhos incorretos

E mesmo sabendo disso

Sabendo do risco

Que corro

Toda vez

Que de você me liberto

Eu assumo

Assumo minha mais profunda tristeza

Como fez o Messias

Caminhando pelas veredas da vida

Assumo minha covardia

Em assumir todos os dias

Esses medos

Assim, de cara limpa

Por falar nisso

Às vezes eu acho

Que esse Deus

Ele não me enxerga

Ele não

Me reconhece

Entre os filhos seus

Eu não entendo

Essa nossa relação

De amor e ódio

E sempre que me ponho

A pensar

Lembro que talvez

Ele não me tenha

Feito de propósito

Eu fiz esses versos

Com recortes

Do meu passado

Com a intensão

De que você

Me ouvisse gritar

Lá ao longe:

Sim, eu as-su-moooo!

Esse sol que faz aí dentro

Me acertou em cheio

Deixou meu peito

Em completo desespero

Fez de mim

Criança brincando

Na areia da praia

O verão inteiro

Ouvi alguém dizendo

Que o amor esquenta o coração

Foi então que eu assumi

Talvez pela primeira vez

Pra todo mundo

E também pra mim

Um poeta estranho

Que não posso

Te deixar partir

Sem assumir

Que eu te amo

Dario Vasconcelos
Enviado por Dario Vasconcelos em 21/12/2020
Código do texto: T7140996
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