Um Casamento e um Funeral

Ela sonhava com um lindo casamento

Mas era só um sonho que não se realizou

Em vida… E por isso aqui estou

Realizarei o seu sonho agora, o momento…

É triste sobre a luz do relento

Realmente, agora iniciará afinal

Um casamento e um funeral

Estou esperando seu corpo macilento

Eis que chega para o Casamento Fúnebre

Linda, mesmo agora, no caixão…

Uns homens a/o trazem ao clarão

Clara lua que ilumina, sinto-me com febre

Esta capela tem um quê de célebre

Alvuras escuras da noite, brancos

Com belas imagens de santos

O padre preparado fala como lebre

“A morte é sabedoria

Não há volta, passagem só de ida

Descobrimos os mistérios da vida

A alma em harmonia

Verá os anjos, verá Maria

Sentirá no céu fulgores

Não sentirá mais dores

Estará com Jesus em plena sintonia”…

Já estou meio sonolento…

O padre fala muito, sermão…

Só quero ouvir do irmão

Essa parábola, nesse momento

Na alvura do relento

Ir morrer ao lado dela

Luz que acrescenta, é ela…

Da noite, minha alma ir com o vento

Eis que o padre diz agora: - Nossa!

“Luan Castro, aceita a donzela

Luce Josenilde”… - Olho para ela…

“Como sua legítima esposa?”

– Aceito!… Com olhos de raposa

Pergunta o padre novamente: - Ah! Não!

“Luce Josenilde, aceita o varão

Luan Castro, Como seu legítimo esposo?”

De repente apagam-se as luzes

Um vulto aparece, dor no meu peito

O vulto diz: “Eu aceito”…

Uma velha senhora espantada: “Cruzes!

Pelo amor de Deus, acendam às luzes”

O padre: “Voltemos com as alianças”…

Um violino triste, melodia das esperanças

Plantas arrancadas pelas raízes

Eu coloquei a aliança no dedo dela

-Eu te amo, amor da minha vida

Meu amor eterno… Sofrida

É a minha vida sem ela

O último beijo dei nela

O beijo da despedida, não há sorte

De dar o Doce beijo da morte

A minha aliança refletia ela

Avança o tempo: O cortejo fúnebre

Tristeza eterna em meu coração

A dor tem gosto amargo, sem emoção

-Minha alma não pode ser livre

E voar ao encontro dela?… Pobre

Donzela dos seios virginais

Meu pranto derrama todos os ais

Sobre a melodia sombria da marcha fúnebre

Os pais dela choram profundamente

Convidados a jogar pétalas negras

Pelo caminho com suas velas

A queimarem ardentemente

O fogo que abrasa veemente

Nos corações dos mortais

Vivos por agora e nada mais

Debaixo da terra se vai minha amante

Meu pranto, intensamente, derramo

Fico por último e um pouco mais

Orando pela alma dela, e meus ais

Do fundo do coração, por ela, chamo

E gemo, e tremo, e clamo

Minha noiva morta, no próprio casamento

Escuto sua voz por um momento

Longe a brisa me traz… “Eu te amo”…

Lucas José
Enviado por Lucas José em 29/12/2020
Código do texto: T7146643
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