As cores do meu desenho

Pintaram de azul meu infinito

o espaço onde bato minhas asas

onde lanço meu grito

onde me faço, me desfaço, descompasso

e descanso dos meus fiascos.

Pintaram de rosa minha infância.

Minhas memórias são pink e punk

infantis e infantes

fragmentos de instantes, de momentos

prontamente em posição de sentido!

Ou sempre sem...

Sentido.

Pintaram de marrom o meu chão.

Minha raiz, meu pé, minha diretriz.

Um quase negro, quase escuro,obscuro

mais vivo do que morto

mais terra fofa do que cova funda.

Mais chão do que abismo

Mais eu do que eu mesma.

Pintaram de verde minha esperança.

O verde da minha verdade,que acredita

o verde da minha saudade, que espera

o verde que eu quero ver

antes que de amarelo se pinte

e deixe de ser.

Pintaram de amarelo o meu sol.

Meus raios, meus fragmentos

pedaços dos meus ais e lamentos

amarelo, meu ouro

amarelo, meu tesouro.

Amarelo de mim energia cósmica

em mim.

Pintaram de vermelho minha paixão.

sentimento que pulsa em mim.

Sangue que ferve, veias que saltam.

Meu carmim. Fogo, explosão, confusão.

Vermelho tenso e intenso

vermelho insensato

vermelho que seduz e induz.

Vermelho de fato.

Pintaram de preto meu pensamento.

Meu tormento e meu desalento

negros são.

Como negras são as memórias passadas

da história surrada,das surras levadas

pela negra verdade, pelo negro juízo

do que é negro, sem que negro se pareça.

E,o que de fato negro é

a pele, a cor, a raça

maltratos traz de herança, e de graça

pela negritude cruel da raça.

Humana!

Pintaram de branco minha paz.

Minha fé, meu sossego, minhas vontades

meus desejos.

Brancas são as manhãs de chuva

brancos são os dentes entreabertos do contento

brancos são meus sentimentos.

Puros ou impuros

livres ou isentos

mas brancos apenas pela ausência do preto

pela alva aparência do que em mim se desenha.

E de muitas cores pintaram minha história.

Só esqueceram de colorir minha palidez.

O transparente sem graça do talvez.

O não sei, o quase nada, o mais ou menos

sempre melhorado, mas nunca acabado.

O inseguro, insensato e inconstante

o nunca de fato, mas sempre sem razão

de ser.

Não obstante.

Monica San
Enviado por Monica San em 30/10/2007
Código do texto: T715747
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