À Soma

De que adianta ter a luz e não o dia,

Oxigênio sem o ar, e ar sem respirar,

De que adianta conhecer mas não fazer,

De que adianta ser vermelho, sem azul?

Amar na efêmera outorga solitária,

Deste amor que não se ama, se cala,

E deste amor que não existe,

Tal sentimento que me consome, só.

E o desejo que me persiste, amar.

Se hoje escrevo, é porque sua existência,

Me permitiu o uso da rara e bela cor,

Que dessa essência, pude expelir o meu sufoco,

O desejo de amar, e que não fosse na solidão,

Apenas ser e sentir, o vermelho coração.

E como acompanhante, me trouxe outra luz,

Aquela que emana segurança e zelo,

Que se prende ao acaso, e ao medo que lhe seduz,

Da luz que tem cor, e possui nome, da consciência e da perícia,

Aos detalhes se mortificando, e modificando o que lhe conduz,

Apenas pensar e persistir, no azul da sua caricia.

E para o maravilhoso resultado, a soma

Das luzes que nos conduziram até então,

Do vermelho coração, à crista do amor,

Do azul zeloso, à conservação dessa paixão,

Ao lilás, da soma, a ausência de toda dor.