SABER FINGIR

Me diz, poeta,

se de amor sabes tanto,

esse suor na testa,

essa lágrima quase pranto,

por quê só estás aqui,

a escrever poemas doloridos,

a cor a lhe fugir?

Ah...me diz que estás a fingir,

tão completamente, que a dor

que te devora, a te consumir,

deveras deveria ser amor...

Mas, se amor não é,

o que será esse sentimento

que te come da cabeça aos pés,

tão visível por fora e por dentro?

Ah...poeta, tanta tristeza e medo,

faça do teu poema uma canoa,

leia o Livro do Desassossego,

ou finja como Fernando Pessoa...