NOSSA HISTÓRIA
Faz de conta que me ama
que faço de conta que te amo;
enquanto sei que dormes na cama,
eu, tremo de frio no meu canto...
Vamos fingir passeios na praia,
cerveja gelada, petiscos no quiosque;
de noite danças com tua rodada saia,
eu, solitário lobo, a uivar no bosque...
Te aceno do iate onde finjo passear,
passas por mim a me olhar de soslaio;
sei que agora estás a comer caviar,
eu, feijoada com pé de porco e paio...
Sei que ama jóias e carros finos,
gosta de ler Baudelaire, poesias;
eu, gosto da bandeira do divino,
posso te dar algumas bijouterias...
Cintilas em tuas aulas de balé,
vi em tua cozinha, de ouro, torneiras;
ainda, para espirrar, uso rapé,
aos domingos vou na gafieira...
Um dia escreverão nossa história,
o amor feito de esturjão e melancia;
o mundo guardará em sua memória,
o poeta cantará em sua poesia...