Há quem diga que o amor é cego

Ainda que eu fale a língua dos homens

E dos anjos, se não tiver amor, nada serei.

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Ainda que eu distribua todos os meus bens

Entre os pobres e entregue o meu corpo para ser queimado,

Se não tiver amor nada serei.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

O amor é paciente, é benigno;

O amor não arde em ciúmes, não se ufana,

Não se ensoberbece.

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente

É cuidar que se ganha em se perder.

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera,

Tudo suporta.

O amor jamais acaba.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o amor?

O amor é perfeito e educado,

Real e positivo, é a estrada da razão,

Quem disser algo contrário

É mentiroso.

Charles Costa
Enviado por Charles Costa em 24/02/2021
Código do texto: T7191832
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