Dor de amor: envelheci

Envelheci.

Envelheci, sim.

Com o passar dos anos.

Com o passar do tempo.

Com o passar da vida.

Com cada badalada do relógio.

Com cada página virada do calendário.

Espio a cada dia o passar dos dias.

E vejo que envelheci.

Envelheci ao me olhar no espelho.

Envelheci ao ver as marcas do tempo em meu rosto, em meu colo.

Envelheci ao ver a flacidez da pele, a perda da cintura fina.

O tempo tão fugaz passou por mim, e quase nem percebi.

Envelheci um pouco mais ao término de meu casamento de 33 anos de convivência.

Envelheci mais um pouco ao perder outro homem, meu último amor.

Aquele que veio depois...

Que chegou, bateu na porta, entrou e trouxe em suas mãos um ramo de sonhos.

Vi que havia rejuvenescido, tornei-me adolescente, criança, sonhadora, VIVA!

Sonhei tanto com este momento, com um novo companheiro que acabei construindo um castelo.

Ali dentro, em meu castelo, coloquei meu príncipe em uma poltrona de veludo vermelho carmim.

Acendi velas, coloquei perfume no ar, flores e o grande amor que eu tinha para dar.

Meu príncipe não vinha sempre, apenas de vez em quando.

Em uma mão trazia a felicidade

E na outra um vinho para nos embriagar.

Adentrava o castelo que eu havia construído para ele.

No entanto, com o passar do tempo não percebi que as paredes do castelo eram de areia.

Com alguns sopros, desmoronou.

Envelheci ainda mais.

Envelheci pela dor do amor que se foi.

Uma dor dolorosa, intensa, que aperta o peito e faz escorrer as lágrimas.

Envelheci com a ausência do amado, com a falta da presença, com a perda do carinho.

O sentimento ainda pulsa aqui dentro.

A esperança, vez ou outra, reaparece, mas a consciência diz NÃO!

O coração passou a sangrar, a não mais esperar.

Envelheci, por dor de amor, de desamor, de abandono.

MiriamS
Enviado por MiriamS em 28/02/2021
Reeditado em 24/08/2021
Código do texto: T7195476
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