A IDADE DO AMOR

O amor, quando criança,

queria morar no coração dos grandes,

tentava alcançar, lá no alto, a caixa de segredos,

espiava, como toda criança, sedenta e curiosa,

tentando entender como viviam os grandes amores...

O amor, quando adolescente,

vivia a vertigem de uma montanha russa,

como um avião sem lugar de pouso,

aterrisava como se numa mata fechada,

num piscar de olhos tudo mudava de forma...

O amor, quando adulto, mirava, lá de cima,

as belas construções feitas em seu nome,

as feias enchentes amorosas, as catástrofes,

as viúvas, as solteiras, as casadas, divorciadas,

a ver homens sem olhos, com risos sádicos,

a perguntar a si, como sobreviveu a tudo, estóico,

e a se lembrar de quando era criança, como era feliz,

a olhar o alto de seus sentimentos, seu amar adulto,

como seria ser criança, verde, de novo, um fiapo de luz,

ensinando aos grandes o quão grande é um grão de amor.