NUNCA ACABA
O amor nunca acaba,
não é como pudim,
é uma longa adaga
que decepa o fim.
Nem berceuse, nem adágio,
o amor é um grito.
Um silvo de canário,
cadente meteorito.
Faz-se falso e verdadeiro,
encenado no teatro,
finge-se último, é o primeiro
a tornar-se vero fato...
Aparece quando menos se espera,
pousa, se instala, fica, dura,
um barulho de beijo, rugir de fera,
estrela de Órion na noite escura.
Morre o homem, sua história,
dizem, este é aquele que foi amado,
vai-se os ossos, fica a memória
do amor que lhe deu um passado.