Maldição do Amor

Lembro como fosse hoje

De ver aquela poesia

De Neruda na parede

Confessando com heresia

Que o amor é maldição

E pobre do coração

Que já o sentiu um dia

E na época eu dizia

(Embebido em paixão)

Que “maldito é o peito

Que se blinda de emoção

Tão bela quanto o amor

Só pela possível dor

De uma separação”

Hoje eu sinto diferente

E dou razão a Neruda

Amar demanda coragem

De arriscar-se a dor profunda

É jogar-se em alto mar

Para o amor resgatar

Sem pedir de volta a ajuda

Bendita a maldição

De, nesse mundo doente,

Criar uma parceria

Pra regar como semente

Tanto o amor que o olhar delata

Quanto qualquer parte chata

De envolver-se totalmente