Tradição lucana
Ouvi dizer de um velho conhecido,
Criado aos pés de um grande mestre
Que depois das maiores preces,
Contentou-se sem ser atendido.
Soube que após muito caminhar
Foi aprisionado longe de todos
E abandonado em suas defesas
Perdendo seus livros, capa e olhar.
Ouvi dizer que morrera sozinho,
Muito clamava, amava escrever,
Sentiu-se no céu antes de desfalecer,
O velho, sua dor, apelidara "espinho".
Olhando sua história, agora, matuto:
Quero eu repetir muitos dos passos,
Alcançar também, longínquos espaços,
Levar adoração, transformar velho culto.
Mas ai! Cá no peito algo consome
Algo fere, afronta, derruba, e espanca!
Não é anjo, é gente; nem demônio, é santa.
Meu espinho tem flor, tem cheiro, tem nome.
Meu espinho tem ramos, raízes e cores.
Fala língua estranha, humana e angelical
"Ficai como eu" dizia a letra magistral.
Tarde ouvi! Converti-me em amores.
Muito clamei ao Senhor por salvação,
Eu, um gentio, miserável de nascença.
Mas o carrapicho, mais que doença,
Aprofunda no peito a cada nova oração.