Doce paixão

Doce paixão, por que não me deixas

Como nos tempos em que eu te amava?

Teu espelho reflete-se em mim e chama

Os afagos infactíveis de quem jamais

Um beijo por amor pediu.

Mas persiste na doçura. Ouço tua voz

Macia na aurora que desponta; voz suave

Que delineia com todas as sílabas o amor,

E aquele frenético e rápido lampejo

Que me clareava o desejo e enaltecia

O encanto de minha tenra emoção.

Então, curvo-me diante de teu chamado,

Ouço teu nome, parte de ti que ainda guardo

E continua a viver, refletindo em sonoras ondas.

Constrito o amor que te transforma

E te beijo, beijo com intensidade o inexistente.

Amada paixão pervertida, por que não me deixas?

És tão ilusória que um dia se tornará real

Já nem posso dizer se és trevas ou raio de luar

Ou noite que sempre fora, e se em nossa vida

És lembrança de cartas mal escritas no passado.

Sob chamas apagadas que um dia busquei.

Tentei conquistar um dia teu corpo e do olhar

Arrancar com versos rotos o amor que sonhei

Alcançar a felicidade para não mais chorar

Felicidade dum amor platônico solto no tempo.

Queria de ti o que não tinhas para me oferecer,

O amor presente a perseguir-me eternamente

Jamais pensei que depois de tanto tempo fostes voltar

Com a mesma intensidade e meus dias transformar

E me evocar com tanta bondade, doce paixão

Chama ardente, que sem sexo, torna-se amizade.

Tua pressa me consome intensamente.

Tua inverdade em meu rosto se desfaz.

Tua doçura me faz viver muito mais.

Doce paixão, loucura veloz e sagaz.

Beijos procê, menina nascida dos madrigais!

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 06/11/2007
Reeditado em 06/11/2007
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