Camoneando (ou o Cupido e o poeta)

Não me venha, Amor, pregar peça

Nesse ainda combalido coração

Que se fere a cada vez que tropeça

E mal tem tempo para cicatrização.

Apieda-te deste errante peito,

Algoz que foi da própria felicidade

E que entrega ao tempo o jeito

De fechar as portas à soledade.

Ao poeta responde o tirano Cupido:

- Tolo! Não me feches a porta assim

Ninguém sobrevive só e sem mim.

Luta, se me queres contigo dividido

Liberta-te do medo de ser triste ou feliz,

Coração guerreiro carrega, sim, cicatriz.

Cicero - 22-07-21.

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 22/07/2021
Reeditado em 22/07/2021
Código do texto: T7304970
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